Pele atópica versus pele sensível
A pele é constituída pela epiderme e pela derme, sob as quais se encontra o tecido subcutâneo e existe ainda a hipoderme. A pele contém também os chamados anexos cutâneos, como as glândulas sudoríparas, as glândulas sebáceas, os folículos pilosos e as unhas. Protege o corpo contra os danos mecânicos, evita a perda de água e regula a temperatura corporal. É, portanto, um órgão que, tal como o fígado ou o coração, tem funções muito diversas e, tal como os outros órgãos, também pode apresentar défices e sofrer lesões.
Existem cinco tipos de pele: pele normal, pele seca, pele oleosa, pele mista e pele sensível. De acordo com o seu tipo de pele, deve desenvolver uma rotina específica de cuidados da mesma.
Uma das condições de pele mais comuns é a pele atópica. Quando a pele atópica apresenta inflamação e vermelhidão com comichão, é conhecida como dermatite atópica.
É importante conhecer a sua pele para poder adotar os cuidados de proteção e de higiene adequados às suas necessidades e sensibilidade.
Vamos falar em pormenor sobre a pele atópica e a pele sensível e sobre as características de cada uma.
Pele sensível
Ao contrário da pele atópica, a pele sensível é um tipo de pele e não uma doença. Este tipo de pele reage aos fatores externos de forma muito diferente da pele normal. As pessoas com pele sensível sentem comichão, ardor e uma sensação da pele esticar ou repuxar. A vermelhidão aparece rapidamente, quando os mecanismos de defesa são perturbados. Na maioria das vezes, deve-se a uma humidade insuficiente na epiderme e a danos na camada hidrolipídica protetora, causados por fatores externos que alteram o pH.
Os sintomas de pele sensível podem ser causados devido à poluição atmosférica, aos conservantes e aos pesticidas ingeridos com os alimentos. Também pode ser afetada negativamente por salas com ar condicionado, aquecimento central, substâncias químicas, algumas especiarias, estimulantes, como cigarros e álcool, falta de ar fresco, má alimentação, excesso de detergentes, água com alto teor de minerais, tecidos sintéticos, stress e cosméticos inadequados.
Até há pouco tempo, pensava-se que apenas as peles secas podiam ser sensíveis, enquanto as peles oleosas e mistas eram mais resistentes. No entanto, a hipersensibilidade e a suscetibilidade à irritação são independentes disso. Quando exposta a substâncias irritantes, a pele seca pode causar ardor ou sensação de queimadura, levando ao aparecimento de pequenas manchas vermelhas. Porém, a pele mista e oleosa também se podem tornar sensíveis, também ficando escamosas, e, por vezes, apresenta grandes manchas vermelhas. Normalmente, as pessoas com pele clara e cabelo claro ou ruivo têm uma pele mais sensível. As pessoas com pele sensível são especialmente afetadas em zonas como o rosto, pescoço e decote.
No entanto, o mais importante é que, na pele sensível, ao contrário da pele atópica, com um cuidado e hábitos de higiene adequados, utilizando dermocosméticos especificamente formulados para pele sensível e, reduzindo as influências externas, os sintomas persistentes desaparecem.
Pele atópica
Enquanto os sintomas associados a uma pele sensível podem ser geridos adotando cuidados de pele adequados, a pele atópica não pode ser tratada apenas com estas medidas. A dermatite atópica é uma doença que pode ser tratada a nível dermatológico. Além disso, o tratamento da pele atópica requer, por vezes, consultas contínuas com um alergologista, um pediatra, um psicólogo e um nutricionista. No máximo, os dermocosméticos podem aliviar os sintomas da pele atópica, mas não os eliminam.
A dermatite atópica é, portanto, uma dermatose inflamatória crónica da pele, com períodos de exacerbação e de remissão. É uma doença que dura praticamente toda a vida. Na última década, tem-se verificado um aumento constante do número de casos de pele atópica. O aparecimento dos sintomas clínicos da dermatite atópica depende de uma série de fatores, tanto genéticos como ambientais.
Quais são os sintomas da dermatite atópica
Os principais sintomas da dermatite atópica são pele vermelha e seca, comichão, descamação e tendência para infeções bacterianas recorrentes. A dermatite atópica está também associada à liquenização (espessamento) da epiderme. As lesões localizam-se mais frequentemente nas articulações do cotovelo e do joelho, no rosto e no pescoço, mas ocasionalmente, os sintomas de dermatite atópica espalham-se por todo o corpo.
A dermatite atópica está também fortemente associada a doenças respiratórias alérgicas, como a asma e a rinite alérgica, daí o nome "tríade alérgica". De acordo com os alergologistas, 80% das crianças com dermatite atópica desenvolvem outras doenças alérgicas durante a sua vida1.
O tratamento da pele atópica requer medidas preventivas, cuidados diários e, em casos agudos, consulta com um especialista. Vejamos os principais pontos do tratamento da pele atópica:
- Usar roupas largas que não irritem a pele, feitas de tecidos como o algodão. Manter as unhas limpas e curtas para não se magoar ao coçar.
- Evitar a exposição a temperaturas extremas: o melhor clima para a pele atópica é o temperado e húmido. O tempo seco e frio ou demasiado quente pode levar a crises de dermatite atópica.
- Cuidados de higiene: devemos também ter em conta o que já foi referido sobre temperaturas extremas. A temperatura da água durante o banho não deve ser extremamente quente ou fria. Recomendamos também a utilização de produtos que respeitem o pH da pele e que, ao mesmo tempo, ajudem a hidratá-la, como, por exemplo, um gel de banho para pele sensível e com tendência atópica, com prebiótico, niacinamida e dexpantenol, que cuidará da sua pele e da pele da sua família, mantendo-a hidratada.
- Cuidados com a pele: recomenda-se a utilização de cremes para uso diário e cremes calmantes específicos para as necessidades da pele atópica para ajudar a aliviar os sintomas associados aos surtos de dermatite atópica, como a comichão e a vermelhidão. É essencial para todos os tipos de pele incluir na rotina diária de cuidados da pele um protetor solar para proteger contra os raios UV.
Falar com um médico especialista: No caso de um crise grave de dermatite atópica, o médico especialista pode recomendar a toma de antibiótico (tópico ou oral) e tratamento tópico com corticosteroides ou outros tratamentos sistémicos.